Veículos elétricos vão mesmo destronar reinado do petróleo

19/06/2024

A crescente adoção de veículos elétricos está a contribuir significativamente para a redução do consumo de petróleo, o que poderá levar a um excesso de produção de petróleo de nível histórico até 2030. Este cenário é salientado pela Agência Internacional de Energia (AIE) no seu relatório anual sobre o mercado petrolífero.

 

De acordo com a AIE, a produção de petróleo deverá aumentar para cerca de 113,8 milhões de barris por dia até ao início da próxima década, resultando num excedente de extração de aproximadamente oito milhões de barris diários, cerca de dois milhões a mais do que atualmente. Este aumento de produção, impulsionado sobretudo pelos EUA e outros países americanos, ocorre num momento em que a procura global de petróleo está a desacelerar.

Os autores do estudo indicam que, embora a procura global de petróleo continue a crescer nos próximos anos, essa expansão será cada vez mais lenta, até praticamente estagnar no final da década.

A AIE PREVÊ UMA DISSOCIAÇÃO ENTRE O CRESCIMENTO ECONÓMICO E O CONSUMO DE PETRÓLEO, DEVIDO À CRESCENTE UTILIZAÇÃO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS

O crescimento mais modesto deve-se, em grande parte, à substituição do petróleo como fonte de energia no setor dos transportes por veículos elétricos. A AIE prevê que esta substituição retire seis milhões de barris por dia da procura de petróleo até 2030.

Especificamente, espera-se que a procura global passe de 102 milhões de barris por dia em 2023 para 105,6 milhões em 2029, com uma ligeira contração no ano seguinte. Este crescimento será impulsionado pelo aumento do consumo na Ásia, especialmente na Índia e na China, enquanto nas economias avançadas se prevê uma contração do consumo, caindo de 45,7 milhões de barris em 2023 para 42,7 milhões em 2030, o volume mais baixo desde 1991, excluindo o período excecional da COVID–19.

Crescimento da procura de petróleo, 2022-2030. Fonte: AIE

A curto prazo, a procura em 2024 e 2025 deverá aumentar cerca de um milhão de barris por dia por ano, em linha com o crescimento económico. No entanto, a partir daí, a AIE prevê uma dissociação entre o crescimento económico e o consumo de petróleo, devido à crescente utilização de veículos elétricos.

Do lado da oferta, os Estados Unidos continuarão a ser o maior contribuinte para o aumento da produção, com 2,1 milhões de barris adicionais até 2030, reforçando a sua posição como o principal produtor mundial. Se somarmos os 2,7 milhões de barris provenientes de outros países americanos fora da OPEP+ (Brasil, Guiana, Canadá e Argentina), estes representarão 76% do aumento previsto, afirma a AIE.